segunda-feira, julho 18, 2005

Epitetus para seus discípulos

Epitetus para seus discípulos

Duas coisas podem acontecer quando nos encontramos com alguém: ou nos tornamos amigos, ou tentamos convencer esta pessoa a aceitar nossas convicções. O mesmo acontece quando a brasa encontra um outro pedaço de carvão: ou compartilha seu fogo com ele, ou é sufocada por seu tamanho, e termina se extinguindo. Como geralmente somos inseguros num primeiro contacto, tentamos a indiferença, a arrogância, ou a excessiva humildade. O resultado é que deixamos de ser quem somos, e as coisas passam a se dirigir para um estranho mundo que não nos pertence.


Kahlil Gibran para Mary Haskell

Nós dois estamos procurando tocar os limites da nossa existência. Os grandes poetas do passado sempre se entregavam à vida. Eles não procuravam uma coisa determinada, nem tentavam desvendar segredos: simplesmente permitiam que suas almas fossem arrebatadas pelas emoções. As pessoas estão sempre buscando segurança e às vezes conseguem: mas a segurança é um fim em si, e a vida não tem fim. Poetas não são aqueles que escrevem poesia, mas todos os que têm o coração cheio do espírito sagrado do Amor.

Midrach Rabba sobre o Eclesiastes

Quando o homem vem ao mundo, suas mãos estão sempre fechadas como se quisesse dizer: “O mundo inteiro é meu e conseguirei agarrá-lo”. Quando o homem parte do mundo, suas mãos estão sempre abertas como se quisesse dizer: “Não tenho nada em meu poder tudo que posso levar são minhas lembranças, tudo que posso deixar são meus exemplos”.

texto de Paulo Coelho, publicado em O Globo, em 17 de julho de 2005